Em terra de Maradona e Messi, torcedores enlouquecem com figurinhas da Copa do Mundo
Uma mulher segura adesivos da Copa do Mundo de futebol em uma loja de rua no Parque Rivadavia em Buenos Aires, Argentina, em 18 de setembro de 2022. Reuters

Na América do Sul, lar de alguns dos jogadores de futebol mais famosos do mundo, do argentino Lionel Messi ao brasileiro Neymar, os fãs ávidos estão começando a ficar nervosos com as chances de seus países na Copa do Mundo - e o custo crescente de apoiá-los.

A região de cerca de 650 milhões de pessoas está lutando contra uma das piores inflações do mundo, inclusive na Argentina, onde os preços devem subir 100% este ano. Isso está elevando os custos de adesivos e camisas de futebol a lanches e cerveja na hora do jogo.

"Os preços estão muito inflados", disse o brasileiro Breno Nery, de 20 anos, que estava comprando figurinhas de futebol colecionáveis em um shopping de São Paulo. Um pacote de cinco adesivos dobrou para 4 reais (US$ 0,79) desde a Copa do Mundo da Rússia de 2018.

É ainda pior na Argentina, onde o preço sugerido de um pacote saltou 900% para 150 pesos (US$ 0,95) após anos de inflação altíssima. Mas a escassez também fez com que os preços dobrassem ou triplicassem na internet ou em mercados alternativos.

Os preços estão subindo para todos os tipos de mercadorias, desde mercadorias e colecionáveis até alimentos e bebidas que os fãs provavelmente comprarão quando a competição começar neste mês no Catar. Brasil e Argentina estão entre os favoritos.

Em Buenos Aires, se os torcedores quiserem comprar uma camisa de futebol, também terão que contar com preços ainda mais altos, graças a uma taxa de câmbio distorcida ligada a rígidos controles de capital e interrupções na cadeia de suprimentos.

Na Argentina, a nova camisa da seleção Adidas custará 28.999 pesos, um aumento colossal de 1.658% em relação à última Copa do Mundo, enquanto no Brasil, a Nike Inc lançou a mais recente camisa "Seleção" por 349,99 reais, um salto de 40%.

"Desta vez, os torcedores brasileiros vão roer as unhas não apenas quando torcem pela seleção, mas também quando pagam suas contas", disse a corretora XP em um relatório recente.

Apesar dos aumentos de preços, as vendas do kit do Brasil aumentaram 40% em relação a 2018 em volume, disse o distribuidor da Nike Grupo SBF. Nem todos estão convencidos, no entanto.

"Acho que vou usar uma camisa aleatória com 'Brasil' escrito nela", disse Daniel Santos, 20 anos, falando em um shopping em São Paulo.

CHOQUE DA ETIQUETA

A Copa do Mundo será disputada de 20 de novembro a 18 de dezembro - final da primavera no hemisfério sul, uma mudança das datas normais que caem no inverno da região.

O clima mais ameno faz empresas como a frigorífica BRF e a cervejaria Ambev esperarem um aumento nas vendas, já que os sul-americanos se reúnem com familiares e amigos para assistir a partidas com uma cerveja gelada ou comemorar com um churrasco.

Mas os fãs terão algum choque de adesivos.

A carne agora está quase 80% mais cara no Brasil do que há quatro anos, segundo a XP, um aumento quase três vezes mais acentuado do que a inflação geral. Os preços de refrigerantes e cervejas subiram 20%.

Os preços tradicionais da carne assada da Argentina subiram mais de 600% de junho de 2018 a agosto de 2022, mostraram dados do grupo industrial local IPCVA. Um litro de cerveja quase quintuplicou de custo.

A Copa do Mundo até levou a Argentina a lançar controles de capital de viagens e gastos no exterior apelidados de taxa de câmbio "Catar", tornando as viagens para o país do Oriente Médio ainda mais caras em moeda local.

(US$ 1 = 5,0557 reais)

(US$ 1 = 158,2900 pesos argentinos)