Um homem posa para uma foto ao lado da estátua de Pelé, lenda do futebol, do lado de fora do estádio Vila Belmiro, em Santos, Brasil
Um homem posa para uma foto ao lado da estátua de Pelé, lenda do futebol, do lado de fora do estádio Vila Belmiro, em Santos, Brasil AFP

Do segundo andar de sua casa, Onofra Alves Costa Rovai pode ver a Vila Belmiro, o estádio onde Pelé, lenda do futebol brasileiro, surpreendeu o mundo pela primeira vez.

Rovai tem boas lembranças da conversa com "O Rei", que morreu na quinta-feira em um hospital de São Paulo aos 82 anos, provocando uma onda de emoção no Brasil - e especialmente em Santos, cidade onde ele jogou a maior parte de sua carreira histórica.

"Ele saía por aquela porta depois dos jogos e conversávamos sobre futebol. Ele era assim - apenas uma pessoa comum, falava com qualquer um sobre qualquer coisa. Ele era maravilhoso", disse Rovai, 91, apontando para o portão principal do estádio. , a poucos passos de sua modesta casa azul.

"Minha mãe adorava Pelé", lembrou o aposentado de cabelos brancos com um sorriso. "Que jogador. Meu Deus do céu, ele nasceu pra isso."

Santos, uma cidade portuária a cerca de 75 quilômetros (45 milhas) de São Paulo, está preparando uma grande homenagem ao seu falecido herói, amplamente considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos.

Um velório de 24 horas para Pelé, cujo nome verdadeiro era Edson Arantes do Nascimento, será realizado no estádio com capacidade para 16.000 pessoas de segunda a terça-feira.

Isso será seguido pelo que se espera ser uma grande procissão fúnebre pelas ruas da cidade. Ele será enterrado no Cemitério Memorial de Santos em uma cerimônia privada na terça-feira.

Pelé estreou no Santos com apenas 15 anos e chegou a marcar 1.091 gols em 1.116 partidas pelo clube, conquistando 45 títulos ao longo do caminho, segundo o histórico do time.

Desde quinta-feira, a Vila Belmiro virou ponto de peregrinação de uma onda de torcedores fanáticos, ansiosos para homenagear o único jogador da história a vencer três Copas do Mundo.

Enquanto o Brasil celebrava o segundo de três dias de luto nacional por Pelé na sexta-feira - estendido para sete dias em Santos e no estado de São Paulo - uma chuva fina caiu de um céu cinzento na cidade portuária, combinando com o clima local.

Várias casas exibiam faixas do Santos FC comemorando os 18 anos de carreira de Pelé no clube.

Três buquês de flores foram colocados ao pé de uma estátua de Pelé do lado de fora do estádio.

Um torcedor santista de longa data, Anaur Aparecido Deolindo, foi ao estádio assim que soube da notícia.

"É como se eu tivesse perdido um familiar. Ele era apenas um menino quando chegou aqui. Ele cresceu aqui e conquistou o mundo", disse à AFP o aposentado de 57 anos.

"Agora ele está de volta onde pertence, bem no colo de Deus", acrescentou.

"Edson morreu, mas Pelé é eterno."

Jonas Augusto dos Santos, outro santista de longa data, assim como seu pai e seu avô, foi ao estádio com um grupo de amigos em homenagem.

"A vida não tem sido fácil para o brasileiro, por isso estamos sempre em busca de um herói. Pelé pode estar morto, mas não deixará de ser", disse o analista de software de 28 anos.

Ele acrescentou: "Tenho certeza de que sua alma está neste estádio e no coração de todos os brasileiros".

Vestindo a camisa do clube, o professor do ensino fundamental Luiz Santos disse que o tempo sombrio afastou muitos enlutados - mas que ele tinha certeza de que o comparecimento ao velório e ao cortejo fúnebre seria enorme.

"Isso vai ser embalado na segunda-feira", disse ele.

"Muita gente vai vir."