Brasileiros votam no segundo turno das eleições presidenciais
O ex-presidente e candidato presidencial do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad, reagem em uma noite de eleição no dia do segundo turno da eleição presidencial brasileira, em São Paulo, Brasil, 30 de outubro de 2022. Reuters

Os mercados brasileiros melhoraram na quarta-feira, mesmo com o aumento das críticas às políticas econômicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com analistas e um importante jornal criticando ministros depois que os mercados despencaram nos primeiros dois dias do esquerdista.

A melhora das perspectivas do mercado na quarta-feira ocorre quando investidores cada vez mais céticos buscam decifrar os planos econômicos de Lula, com ministros forçados a consertar cercas após vários soluços de comunicação nos primeiros dias do governo de esquerda.

O índice de ações de referência do Brasil, Bovespa, subiu 1,1%, depois de cair cerca de 5% nos primeiros dias de 2023.

O real, que acumula desvalorização de 3,8% em relação ao dólar nas últimas três sessões, ficou estável.

Vários ministros foram forçados na quarta-feira a esclarecer comentários que eles ou seus colegas fizeram nos dias anteriores que levaram a uma liquidação do mercado.

O chefe da Casa Civil de Lula, Rui Costa, descartou os planos de revisar as reformas econômicas do governo anterior, depois que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse na terça-feira que eles precisariam revisar a reforma previdenciária favorável ao investidor aprovada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

As ações da petrolífera Petróleo Brasileiro subiram 3,7% depois que o novo presidente-executivo da empresa descartou intervenções nos preços dos combustíveis, buscando esclarecer seus comentários anteriores que sugeriam que a empresa estatal poderia separar os preços das referências internacionais. As ações da Petrobras caíram cerca de 10% nos dois primeiros pregões do ano.

No entanto, o ceticismo do mercado estava longe de ser dissipado, com preocupações de que os gastos sociais e as políticas estatistas de Lula levariam a gastos fora de controle.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo que assumiu o cargo prometendo restaurar as contas públicas, foi apelidado de "ministro decorativo" na quarta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, de sua cidade natal.

Os mercados reagiram mal aos primeiros dias de Haddad no cargo, especialmente depois que Lula ordenou uma extensão do orçamento para uma isenção de imposto de combustível que Haddad se opôs publicamente.

"Haddad soube em seu primeiro dia no cargo que ele será uma figura decorativa, uma espécie de mercenário do presidente Lula", disse em editorial o diário conservador conhecido como "Estadão", acrescentando que Haddad foi "desacreditado" e deveria saber dizer "não" a Lula.

Analistas do Citi disseram que, apesar dos primeiros discursos de Lula e Haddad no cargo terem sido consistentes com seu cenário de referência, ambos soaram menos pragmáticos e fiscalmente responsáveis do que se pensava inicialmente.

"Em geral, eles deram a impressão de um governo surdo - pelo menos no que diz respeito aos tipos de tom que os mercados financeiros querem ouvir", disseram os estrategistas de câmbio da BMO Capital Markets aos clientes, acrescentando que seus comentários podem levar a uma situação em que "a inflação se reafirmará e os cortes nas taxas serão descartados".

REVERTER REFORMAS?

Os comentários do vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin, também levantaram as sobrancelhas.

Falando em sua posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o pró-empresarial Alckmin disse que seu ministério terá o banco estatal de desenvolvimento BNDES sob sua proteção, observando que é essencial fortalecer o papel do banco em meio à busca da reindustrialização do país.

Os investidores também ficaram nervosos com os comentários do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, crítico da reforma trabalhista de 2017 aprovada pelo ex-presidente Michel Temer, que disse na terça-feira que o novo governo priorizaria a regulamentação das relações de trabalho estabelecidas por meio de aplicativos de celular e plataformas digitais.

Analistas da Guide Investimentos disseram que os comentários da equipe econômica de Lula mostram que o governo continua "no caminho de reverter as reformas liberais aprovadas pelos dois últimos presidentes".

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