Vice-presidente executiva da BYD e presidente da BYD Americas, Stella Li posa para foto durante entrevista à Reuters em São Paulo
Vice-presidente executiva da BYD e presidente da BYD Americas, Stella Li posa para uma foto durante entrevista à Reuters em São Paulo, Brasil, 16 de novembro de 2022. Reuters

A montadora chinesa BYD Co Ltd começará a vender dois novos modelos de veículos elétricos no Brasil este mês, apostando em desenvolvimentos políticos e ambientais favoráveis no maior mercado de veículos da América Latina, disse a empresa.

"Acredito que agora é o momento político e ambiental certo para investirmos na construção dessas novas tecnologias no Brasil", disse a presidente da BYD Americas, Stella Li, em entrevista durante o lançamento dos dois modelos de SUV na quarta-feira.

Os carros são o híbrido Song e o totalmente elétrico Yuan. Eles serão importados até que novas fábricas para produzi-los no nordeste da Bahia entrem em operação.

"Mas será um processo muito desafiador e precisamos de um governo que tenha uma mente aberta para que a tecnologia cresça aqui", acrescentou Li.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que toma posse em 1º de janeiro, prometeu reformular as políticas ambientais do Brasil, e seu programa para a eleição que venceu em outubro prevê indústrias focadas em uma "economia verde" e na necessidade de modernização a indústria automobilística com híbrido.

Em outubro, a BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia visando a implantação da produção de veículos na área industrial deixada pela Ford Motor Co quando fechou sua fábrica fora da capital Salvador.

O governo da Bahia disse que a BYD construiria chassis de ônibus e caminhões elétricos, bem como carros elétricos e híbridos em três fábricas com um investimento de 3 bilhões de reais (US$ 550 milhões), e também processaria lítio brasileiro para baterias de veículos para exportação para a China.

Duas das usinas entrarão em operação em 2024 e a terceira em 2025, informou o governo da Bahia na época.

Li se recusou a dar detalhes e disse que uma decisão sobre o projeto deve ser tomada até o final deste ano.

Questionada sobre o risco representado pela história de turbulência política, econômica e jurídica do Brasil, ela disse que a BYD "tem muita paciência com o Brasil".

"Estamos no Brasil há quase 10 anos. Passamos por muitas mudanças políticas nesse período, além das flutuações do câmbio e da inflação. Mas acho que no longo prazo o Brasil tem suas vantagens", disse Li.

Ela citou o tamanho do mercado brasileiro, a disponibilidade de matéria-prima para baterias, como o lítio, e um novo governo que parece mais aberto a incentivar o setor.

"Estamos em um momento muito bom para começar a expandir as tecnologias aqui... e com o tempo o Brasil poderá desenvolver sua própria indústria" para veículos elétricos e híbridos, disse ela.

A BYD espera que 10% de todas as vendas de veículos no Brasil sejam de modelos elétricos e híbridos até 2025, em comparação com os atuais 2,4%, e a participação no mercado de VEs pode saltar para 30% até 2030.

Li apontou a carga tributária como um dos principais fatores por trás dos altos preços dos veículos elétricos e híbridos no Brasil em comparação com outros mercados.

"Se você cobra impostos altos, você mata o bebê antes que ele cresça", disse ela.

(US$ 1 = 5,4487 reais)

Salão do Automóvel de Paris 2022
O logotipo da BYD é retratado no Paris Auto Show 2022 em Paris, França, em 17 de outubro de 2022. Reuters