Araras sentam-se em uma árvore na floresta amazônica em Manaus
Araras pousam em uma árvore na floresta amazônica em Manaus, Estado do Amazonas, Brasil, em 26 de outubro de 2022. Reuters

A diretoria do Banco Mundial aprovou na quinta-feira um projeto de US$ 500 milhões no Brasil para expandir o financiamento vinculado à sustentabilidade e fortalecer a capacidade do setor privado de acessar os mercados de crédito de carbono e ajudar o país a conter o desmatamento.

A iniciativa, em colaboração com o credor estatal brasileiro Banco do Brasil, adota uma abordagem de empréstimo vinculada à sustentabilidade para ajudar o Brasil a cumprir suas metas climáticas e fornecer benefícios de mitigação "robustos", disse um comunicado do banco.

O financiamento vinculado à sustentabilidade (SLF) permite custos de financiamento mais baixos quando certos requisitos ambientais, sociais e de governança (ESG) são atendidos por uma empresa, mas não exige que os fundos sejam usados para fins ecológicos.

No início de dezembro, o Banco Mundial e seus parceiros lançaram um sistema de rastreamento global para limpar o mercado opaco de créditos de carbono e ajudar os países em desenvolvimento a obter financiamento climático tão necessário de forma rápida e barata.

Os créditos de carbono - gerados por meio de atividades como plantar florestas ou retirar do ar dióxido de carbono prejudicial ao clima - são vendidos a poluidores para compensar suas emissões como uma forma de ajudá-los a atingir emissões líquidas zero para limitar o aquecimento global.

"Até 90 milhões de tCO2e em reduções de emissões são esperadas até 2030, o equivalente a cerca de 4,5% do que o Brasil precisa para manter seus compromissos de zero líquido", disse o Banco Mundial.

O projeto também deve mobilizar até US$ 1,4 bilhão em capital privado por meio da ampliação do financiamento do Banco do Brasil e de investidores privados.

"O Brasil tem potencial significativo para se tornar um líder global na transição para uma economia de baixo carbono", disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. "Para isso, é necessária uma ação urgente para complementar as intervenções públicas com soluções e financiamento privados".

O projeto adota uma "abordagem de financiamento inovadora e baseada em resultados" que incentiva as empresas a adotar e implementar planos confiáveis de redução de emissões de GEE para reduzir sua pegada de carbono em toda a empresa, além de vincular essas empresas a mercados de carbono de alta qualidade, disse o Banco Mundial .

O Banco do Brasil poderá oferecer a seus clientes pacotes que integram financiamento com apoio ao acesso aos mercados de carbono por meio de um "balcão único", como explicou o Banco Mundial.

"Isso fornecerá às empresas brasileiras – em particular às pequenas e médias empresas – um serviço acessível de ponta a ponta, desde a medição de sua pegada de carbono até a geração de retornos de créditos de carbono de alta integridade", afirmou.

Parar o desmatamento na Amazônia, que absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa que aquecem o planeta, faz parte do plano abrangente do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para que o país recupere a liderança nas medidas de mudança climática, que foram anteriormente abandonadas pelo governo Bolsonaro.