Um tribunal no Peru ordenou a demolição de um muro que separava uma comunidade rica de uma pobre
Um tribunal no Peru ordenou a demolição de um muro que separava uma comunidade rica de uma pobre AFP

O Tribunal Constitucional do Peru ordenou a demolição de um muro que separa um bairro rico de um bairro pobre de Lima, considerando-o "discriminatório".

Um processo para a remoção do muro de 10 quilômetros (6,2 milhas) - mais de dois metros (6,5 pés) de altura em algumas partes e coberto com arame farpado - foi apresentado por um cidadão comum em 2018.

Foi apelidado de "Muro da Vergonha".

Um primeiro trecho do muro foi erguido na década de 1980 com o pretexto de proteger o bairro nobre de La Molina do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, considerado uma organização terrorista no Peru.

Com a derrota do grupo, o muro foi ampliado, porém, na década de 2000, desta vez ostensivamente para impedir a ocupação ilegal de terras.

No Peru, a migração das áreas andinas para a capital durante as décadas de 1980 e 1990 levou a um assentamento maciço de colinas nos arredores de Lima.

Milhares fugiram da violência do Sendero Luminoso, outros vieram em busca de trabalho.

"Tomamos uma decisão unânime de que o muro que separa La Molina e Villa Maria del Triunfo (um bairro pobre) deve ser derrubado", disse o juiz Gustavo Gutierrez à rádio RPP na quinta-feira.

"É um muro discriminatório... Não pode ser que dividamos os peruanos por classes sociais. Isso é inaceitável, não existe mais em nenhum lugar do mundo", disse o juiz.

A Justiça deu prazo de 180 dias para a demolição do muro.

O muro na capital do Peru, Lima, tem 10 quilômetros (6,2 milhas) de comprimento e até dois metros (6,5 pés) de altura em alguns lugares, coberto com arame farpado
O muro na capital do Peru, Lima, tem 10 quilômetros (6,2 milhas) de comprimento e até dois metros (6,5 pés) de altura em alguns lugares, coberto com arame farpado AFP