Forças de segurança se reúnem em frente ao presídio de Tacumbu enquanto um incêndio queima em seu interior
Forças de segurança se reúnem em frente ao presídio de Tacumbu enquanto um incêndio queima em seu interior AFP

Presos na maior prisão do Paraguai libertaram na quarta-feira 22 guardas que haviam feito reféns durante um motim que deixou uma pessoa morta.

Centenas de presos incendiaram colchões e atiraram pedras contra policiais do telhado da superlotada cadeia de Tacumbu durante o motim, que começou terça-feira e terminou após negociações com as autoridades.

Os guardas foram mantidos reféns por 15 horas, e dezenas de mulheres que vieram visitar parentes também ficaram presas lá dentro durante os distúrbios.

A polícia disse que um prisioneiro de 26 anos foi encontrado morto durante a limpeza da penitenciária, com cortes profundos no abdômen.

"A ordem foi restaurada", disse o presidente Santiago Pena em conferência de imprensa.

"Tenham a certeza de que a resposta do governo será firme. Temos os recursos e a capacidade."

A prisão de Tacumbu abriga cerca de 3.000 presos, ou seis vezes a capacidade para a qual foi construída, disse à AFP o criminologista Juan Martens.

Pena admitiu que a crise se devia à superlotação da prisão, com 1.600 residentes aguardando ou em julgamento.

"O caso do presídio de Tacumbu não é novo", afirmou, prometendo acelerar a construção e conclusão de três novos presídios no país.

"Grande parte dos crimes cometidos nas ruas está relacionado ao problema da política carcerária", disse Pena.

A polícia não informou o que implicaram as negociações com os presos, embora uma das exigências dos presos fosse a renúncia do ministro da Justiça, Angel Barchini.

A violência ocorre depois que o ministro anunciou na semana passada um plano "para recuperar o poder nos centros penitenciários", onde o Clã Rotela e as gangues brasileiras reinam supremos.

Barchini alertou que o plano "custaria vidas humanas".

O Paraguai, um país de 6,5 milhões de habitantes, tem cerca de 16 mil presos espalhados por 18 prisões.

A prisão superlotada é a maior do Paraguai
A prisão superlotada é a maior do Paraguai AFP