Durante a fase de qualificação para a Copa do Mundo de 2026, realizada em setembro, torcedores fervorosos de todo o continente reclamaram do custo de ver seu time favorito jogar.
Durante a fase de qualificação para a Copa do Mundo de 2026, realizada em setembro, torcedores fervorosos de todo o continente reclamaram do custo de ver seu time favorito jogar. AFP

Na América do Sul, louca por futebol, onde o amor pelo jogo transcende a classe social, ver estrelas como Lionel Messi jogar tornou-se inacessível para a maioria à medida que os preços dos ingressos dispararam.

Durante a pré-eliminatória de setembro para a Copa do Mundo de 2026, torcedores fervorosos de todo o continente reclamaram do custo de ver seu time favorito jogar.

"No meu caso é impossível" pagar a passagem. "Não dá para aproveitar", disse Pablo Gonzalez, 49 anos, funcionário da manutenção de uma universidade na cidade colombiana de Barranquilla, onde seu país enfrentará o Uruguai na quinta-feira.

O preço médio do ingresso para a partida é de US$ 102, em um país onde o salário mínimo mensal é de US$ 270.

De acordo com uma contagem da AFP, os ingressos são os segundos mais altos da região para as eliminatórias.

Na Argentina, vencedora da Copa do Mundo de 2022, os torcedores que esperavam ver Messi em ação ficaram desapontados depois que a federação de futebol fixou o preço dos ingressos para a partida de quinta-feira contra o Paraguai em uma média de US$ 120.

O país está a lutar contra uma inflação anual de 120 por cento e níveis de pobreza de 40 por cento.

A Federação Argentina de Futebol introduziu um programa de assinatura que dá acesso preferencial a ingressos para jogos. A categoria "Gold" custa US$ 14.000 para um passe de três anos com uma série de benefícios.

Até o técnico argentino Lionel Scaloni comentou quanto lhe custou comprar ingressos para toda a família.

"Custou-me muito, como todo mundo. Mas quem sou eu para definir o preço dos ingressos? Se dependesse de mim, deixar as pessoas irem de graça", disse ele em entrevista coletiva.

"O que posso fazer? Não posso fazer nada a respeito."

Alguns preços estão tornando "algo popular como o futebol exclusivo", reclamou a torcedora Candela Thompson à agência de notícias estatal Telam.

No Brasil, os preços dispararam no último mês, com os ingressos passando de uma média de US$ 63 para US$ 97 para o jogo de quinta-feira contra a Venezuela, no centro de Cuiabá.

O capitão chileno Arturo Vidal, considerado um jogador de futebol do povo por sua origem humilde, também reclamou.

"Os ingressos são caros. Já disse ao presidente (da associação de futebol) para baixá-los um pouco, precisamos de um estádio cheio", disse Vidal nas redes sociais antes da partida contra a Colômbia, em setembro.

Segundo a mídia chilena, ao contrário das eliminatórias anteriores, os ingressos demoraram vários dias para se esgotarem.

No Uruguai, as autoridades do futebol admitiram que cometeram um erro depois de os preços elevados terem deixado milhares de lugares vazios para um jogo contra o Chile, em Setembro.

"Cometemos um erro", disse o presidente da associação de futebol do país, Ignacio Alonso, em declarações à imprensa local.

"A prova é que o estádio deveria ter vendido 40 mil ingressos e só vendeu cerca de 31,5 mil".

Após a "rejeição dos preços", ele baixou ligeiramente o custo das passagens. As vagas mais baratas para a partida contra o Brasil, no dia 17 de outubro, agora custam US$ 22 dólares, US$ 3 dólares a menos que no jogo anterior.

Um torcedor colombiano assiste a uma partida recente no norte de Barranquilla
Um torcedor colombiano assiste a uma partida recente no norte de Barranquilla AFP
Fãs de futebol chilenos usam máscaras de seus jogadores favoritos
Fãs de futebol chilenos usam máscaras de seus jogadores favoritos AFP