A última declaração de uma nova reserva indígena no Brasil data de cinco anos atrás
A última declaração de uma nova reserva indígena no Brasil data de cinco anos atrás AFP

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, decretou na sexta-feira seis novas reservas indígenas, a primeira após a escassez de tal expansão sob seu antecessor de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Pelo decreto, é garantido aos indígenas o uso exclusivo dos recursos naturais dessas terras, vistas pelos cientistas como um baluarte contra o desmatamento da Amazônia - um grande desafio na luta contra as mudanças climáticas.

Lula assinou os decretos oficiais no último dia de encontro de indígenas de todo o país na capital Brasília.

"É um processo demorado, mas vamos garantir que o maior número possível de reservas indígenas seja legalizado", disse o presidente.

"Se quisermos atingir o desmatamento zero até 2030, precisamos de reservas indígenas registradas."

Em quatro anos de Bolsonaro, que prometeu não ceder "mais um centímetro" de terra às comunidades indígenas do Brasil, o desmatamento médio anual aumentou 75% em comparação com a década anterior.

Bolsonaro instigou políticas que favoreceram a agricultura e as indústrias madeireiras, que são as principais responsáveis pelo desmatamento.

Duas das seis novas reservas estão na Amazônia.

A maior, batizada de Unieuxi, foi destinada a 249 membros dos povos Maku e Tukano em mais de 550 mil hectares no norte do estado do Amazonas.

Outros dois estão no nordeste do país, um no sul e outro no centro do Brasil.

O anúncio desta sexta-feira foi feito no encerramento da 19ª edição do "Terra Livre", que reúne milhares de indígenas de todo o vasto país.

Lula assinou os decretos ao lado de destacadas lideranças indígenas, como o cacique Raoni Metuktire, que o presenteou com um tradicional cocar de penas azuis e vermelhas.

Segundo o último censo, datado de 2010, o Brasil abriga cerca de 800 mil indígenas. A maioria vive em reservas que ocupam 13,75% do território nacional.

A última declaração de uma nova reserva indígena no Brasil data de cinco anos atrás, quando o então presidente Michel Temer concedeu ao povo Guato direitos a 20.000 hectares (cerca de 49.400 acres) de terras ancestrais no oeste do estado de Mato Grosso.

Lula prometeu aprovar novas reservas "o mais rápido possível" depois de assumir o cargo para um terceiro mandato em 1º de janeiro. Ele já havia servido como presidente de 2003 a 2010.

Ele criou o primeiro ministério de Assuntos Indígenas do país, sob a ministra Sonia Guajajara.

"Quando dizem que vocês ocupam 14 por cento do território e que é muito, é preciso lembrar que antes da chegada dos portugueses vocês ocupavam 100 por cento", disse Lula sob aplausos da multidão que fez o "L " de Lula com o dedo indicador e o polegar.

Mais reservas estão em andamento: Guajajara anunciou no mês passado que 14 reservas estavam prontas para serem legalizadas - cobrindo quase 900.000 hectares no total.

Estes incluíram os seis anunciados na sexta-feira.

"Vamos escrever uma nova história, para o bem de toda a humanidade, de nosso planeta", disse Guajajara após a assinatura de sexta-feira.

As novas reservas foram anunciadas no encerramento da 19ª edição do 'Terra Livre', que reúne milhares de indígenas do vasto país
As novas reservas foram anunciadas no encerramento da 19ª edição do 'Terra Livre', que reúne milhares de indígenas do vasto país AFP
As novas reservas foram anunciadas no encerramento da 19ª edição do 'Terra Livre', que reúne milhares de indígenas do vasto país
As novas reservas foram anunciadas no encerramento da 19ª edição do 'Terra Livre', que reúne milhares de indígenas do vasto país AFP