Uma bandeira da Coreia do Norte tremula ao lado de um arame farpado na embaixada norte-coreana em Kuala Lumpur
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PONTOS CHAVE

  • Os norte-coreanos foram obrigados a ler 10.000 páginas de propaganda este ano
  • O regime de Pyongyang exigia que os norte-coreanos mantivessem diários do que liam
  • Alguns norte-coreanos questionaram a necessidade de ler materiais que contêm apenas elogios a Kim Jong Un

A Coreia do Norte lançou uma campanha de leitura de propaganda em 2023 para promover a lealdade entre seus cidadãos ao regime de Pyongyang e ao líder Kim Jong Un.

A Coreia do Norte ordenou que seus cidadãos lessem 10.000 páginas de materiais de propaganda este ano como parte da campanha, informou a Radio Free Asia (RFA).

Fontes anônimas disseram à RFA que a campanha também visa combater a cultura popular sul-coreana "reacionária" depois que filmes, programas de TV e músicas produzidos por seu vizinho do sul foram contrabandeados para o país por meio de cartões de memória e outros dispositivos.

Trabalhadores de fábricas na província norte-coreana de Pyongan do Sul, ao norte da capital do país, Pyongyang, receberam ordens de ler materiais como discursos de Kim e transcrições de reuniões plenárias do partido, disse uma fonte à RFA.

"Eles têm que anotar o que lêem todos os dias e apresentar à organização do partido no final do ano", disse a fonte, que preferiu permanecer anônima por questões de segurança.

Mas a fonte afirmou que os trabalhadores das fábricas norte-coreanas reclamaram que os livros no país "não passam de propaganda de que nosso grande líder é o melhor".

"Se os livros fossem tão divertidos de ler quanto os filmes sul-coreanos, não estaríamos lendo-os a noite toda?" a fonte acrescentou.

O mesmo está acontecendo na província de Pyongan do Norte, onde os membros da União Socialista das Mulheres da Coreia do Norte foram instruídos a ler as obras publicadas de líderes atuais e anteriores ou romances com uma mensagem socialista.

Uma segunda fonte, que também preferiu permanecer anônima, disse à RFA que o objetivo da campanha de leitura é "criar alimento mental para se preparar política e ideologicamente".

Os residentes de North Pyongan foram instruídos a ler pelo menos 30 páginas diariamente e a manter diários de leitura pessoal, nos quais resumiriam os principais sentimentos e pensamentos do que leram, acrescentou a fonte.

A fonte afirmou que a campanha visa "erradicar o pensamento reacionário" entre os cidadãos norte-coreanos, mas questionou a necessidade de ler 10.000 páginas que contêm apenas elogios a Kim.

A Coreia do Norte também realizou uma campanha de leitura no ano passado, informou a Reuters , citando a estatal KCNA de Pyongyang.

Na época, Kim disse que a campanha de leitura era necessária para promover ainda mais a ideologia de autossuficiência da Coreia do Norte enquanto enfrentava as "piores dificuldades".

"Devemos considerar a força ideológica e moral das massas populares como a principal arma de sempre e incitá-la de todas as maneiras", disse Kim.

As origens da campanha de leitura da Coreia do Norte remontam à década de 1960, quando Kim Jong Il, o pai do atual líder, iniciou um "movimento de leitura de 10.000 páginas" na Universidade Kim Il Sung.

Cruzeiro na Coreia do Norte (3 de 9)
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