A ilustração mostra um smartphone com o logotipo do Banco Bradesco exibido
O logotipo do Banco Bradesco é visto em um smartphone em frente ao mesmo logotipo exibido nesta ilustração tirada em 1º de dezembro de 2021. Reuters

O credor brasileiro Banco Bradesco SA divulgou na terça-feira uma queda de 22,8% no lucro líquido recorrente do terceiro trimestre e elevou sua previsão de fundos reservados que podem ser necessários para cobrir empréstimos ruins.

O lucro líquido recorrente do Bradesco totalizou R$ 5,22 bilhões (US$ 1,01 bilhão), ficando abaixo da estimativa de consenso da Refinitiv de R$ 6,76 bilhões.

O credor também elevou sua expectativa para a quantia de dinheiro que vai reservar para empréstimos inadimplentes este ano. Agora, espera manter provisões na faixa de 25,5 a 27,5 bilhões de reais, já que as altas taxas de juros causaram uma deterioração na qualidade dos ativos.

No período de julho a setembro, o Bradesco reservou R$ 7,27 bilhões, mais que o dobro do valor do ano anterior.

O segundo maior credor privado do Brasil disse que o aumento nas provisões reflete um maior volume de negócios em operações mais lucrativas e arriscadas.

Em setembro, o Banco Central do Brasil interrompeu um ciclo agressivo de aperto monetário, deixando sua principal taxa de juros Selic em 13,75% após 12 altas consecutivas. O comitê de definição de taxas do banco central também deixou sua taxa de referência inalterada em outubro.

O Bradesco disse que seu índice de inadimplência de 90 dias era de 3,9% no final de setembro, um crescimento de 1,3 ponto percentual em relação ao ano anterior e 0,4 ponto acima do índice do segundo trimestre.

"Observamos a inadimplência concentrada nas pessoas físicas, nas linhas de crédito massificadas, e nas pessoas jurídicas, substancialmente nas micro e pequenas empresas", disse o credor.

Sua carteira de crédito consolidada cresceu 13,6%, para 878,57 bilhões de reais, impulsionada principalmente por transações com cartão de crédito, crédito pessoal e consignado.

A receita líquida de juros (MFB), uma medida dos rendimentos dos empréstimos menos os custos dos depósitos, de clientes cresceu 24,7%, para R$ 17,53 bilhões.

O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE), uma métrica fundamental para a lucratividade, ficou em 13%, bem abaixo dos 18,1% do último trimestre.

Analistas do Citi disseram que a deterioração da qualidade dos ativos pode ser vista não apenas nos resultados, mas também na revisão da orientação da empresa.

"Embora as expectativas já fossem baixas antes do relatório, acreditamos que o tamanho da falha será decepcionante, e a contínua tendência de deterioração da qualidade dos ativos reduz a visibilidade dos resultados futuros", disse o Citi.

(US$ 1 = 5,1440 reais)