A Bósnia é o terceiro país, depois da Ucrânia e da Moldávia, a receber o status de candidato nos últimos seis meses
A Bósnia é o terceiro país, depois da Ucrânia e da Moldávia, a receber o status de candidato nos últimos seis meses AFP

Os líderes da União Europeia concederam na quinta-feira o status de candidato da Bósnia para ingressar na união, colocando a volátil nação dos Bálcãs no início de um longo caminho para a adesão.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia deu novo fôlego à disposição da UE de considerar a entrada de mais vizinhos do leste depois de anos de estagnação.

A Bósnia agora se torna o terceiro país após a Ucrânia e a Moldávia devastadas pelo conflito a receber o status de candidato nos últimos seis meses.

A UE teme que potências como a Rússia ou a China possam espalhar sua influência nos Bálcãs se os países com esperança de ingressar no bloco forem frustrados.

Os líderes da UE deram sua aprovação para que a Bósnia se torne um candidato à adesão em uma cúpula em Bruxelas.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, chamou a medida de "um forte sinal para o povo, mas também uma clara expectativa de que as novas autoridades cumpram as reformas".

"O futuro dos Bálcãs Ocidentais está na UE", escreveu ele no Twitter.

A medida ocorre apesar das preocupações de longa data sobre a situação política na Bósnia, um país de três milhões de pessoas sobrecarregado com divisões étnicas desde sua guerra devastadora, três décadas atrás.

Permanece dividida entre uma entidade sérvia e uma federação muçulmano-croata conectada por um governo central fraco.

Tem um sistema administrativo disfuncional criado pelo Acordo de Dayton de 1995, que conseguiu encerrar o conflito na década de 1990, mas falhou em fornecer uma estrutura para o desenvolvimento político do país.

O braço executivo da UE, a Comissão Européia, estabeleceu 14 prioridades para a reforma que insiste que a Bósnia deve cumprir antes de passar para a próxima fase de abertura de negociações formais de adesão.

O membro bósnio da presidência tripartida do país, Denis Becirovic, disse que a decisão é uma "oportunidade que não devemos perder".

"As autoridades da Bósnia e Herzegovina devem aproveitar esta mão estendida por Bruxelas para acelerar a marcha do país rumo à plena adesão à UE", afirmou.

A UE reclamou que um impasse interno causado pela entidade sérvia da Bósnia, a Republika Srpska, levou a uma "paralisia virtual" no processo de reforma nos últimos tempos.

Também há preocupações com os apelos dos líderes sérvios para estreitar os laços com a Rússia, e o presidente nacionalista da entidade, Milorad Dodik, prometeu interromper o avanço em direção à UE se isso significar mais centralização do poder na Bósnia.

Dodik saudou a decisão da UE enquanto ridicularizava o bloco por "desperdiçar vinte anos com histórias vazias".

"É hora de a UE e nós na Bósnia e Herzegovina e as entidades finalizarmos esse processo juntos e como parceiros", escreveu ele em um post na Internet.

A Bósnia se junta a outras sete nações com status de candidato: Turquia, Macedônia do Norte, Montenegro, Sérvia, Albânia, Moldávia e Ucrânia.

O processo de adesão à União Europeia pode levar muitos anos, pois os candidatos implementam reformas que devem ser rigorosamente avaliadas por Bruxelas.

Também pode parar, como é o caso da candidatura da Turquia.

A candidatura da Bósnia foi aceita, já que Kosovo se tornou na quinta-feira o último país a se candidatar à adesão ao bloco, quando apresentou formalmente um pedido de adesão.

Kosovo - que tem laços turbulentos com a Sérvia - enfrenta um caminho particularmente difícil em sua busca para entrar na UE.

Pristina declarou independência em 2008, mas Belgrado, junto com seus principais aliados, Rússia e China, ainda a considera parte da Sérvia.

Cinco membros da UE - Grécia, Espanha, Romênia, Eslováquia e Chipre - não reconhecem Kosovo como um país independente.