Investigação da OMS sobre as origens da pandemia de Covid está paralisada, diz relatório

A Organização Mundial da Saúde (OMS) teria encontrado um obstáculo em sua investigação sobre as origens do Covid-19 depois de achar difícil garantir a cooperação da China no compartilhamento de dados.

Várias teorias surgiram sobre a origem desse vírus mortal, e algumas delas afirmam que ele escapou de um laboratório chinês.

Essas especulações até levaram a uma guerra de palavras entre os líderes americanos e chineses. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou abertamente que o patógeno veio de um laboratório em Wuhan, a cidade chinesa onde o vírus foi detectado pela primeira vez.

A teoria do vazamento de laboratório foi a favorita de Trump durante a campanha de 2020, enquanto ele tentava minimizar a gravidade da pandemia e culpar seus inimigos no exterior.

Desde então, a Organização Mundial da Saúde rejeitou a teoria, afirmando que os EUA não ofereceram nenhuma evidência para apoiar suas reivindicações.

"Não recebemos nenhum dado ou evidência específica do governo dos Estados Unidos relacionada à suposta origem do vírus – portanto, de nossa perspectiva, isso permanece especulativo", disse o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, na época.

A OMS tem procurado a fonte do surto desde o início da pandemia. Uma equipe de especialistas chegou a visitar Wuhan nos primeiros dias da pandemia para realizar uma sondagem.

Em junho do ano passado, pediu novos estudos sobre o assunto, incluindo auditorias de laboratórios localizados perto de Wuhan. Um relatório recente publicado na revista Nature afirma que a investigação foi arquivada.

"A política em todo o mundo realmente dificultou o progresso na compreensão das origens", disse Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS, ao jornal.

"Nós realmente queremos poder trabalhar com nossos colegas lá. É realmente uma frustração profunda", disse ela.

No entanto, um porta-voz da OMS rejeitou as alegações e disse ao POLITICO que a investigação não foi abandonada.

"Dissemos repetidamente e publicamente que a origem precisa ser investigada e a China deve fornecer acesso e informações para que isso aconteça – e se isso não acontecer, os esforços para entender as origens permanecerão bastante frustrados", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jašarević.

Os funcionários da agência da OMS expressaram sua frustração com a falta de abertura das autoridades chinesas no que diz respeito ao compartilhamento de dados. O chefe da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu publicamente à China que fornecesse dados dos primeiros dias da pandemia.