O ex-presidente Armando Guebuza, sentado, cumprimenta o filho Ndambi, arguido, na sessão de 30 de novembro em que começaram a ser lidas as sentenças
O ex-presidente Armando Guebuza, sentado, cumprimenta o filho Ndambi, arguido, na sessão de 30 de novembro em que começaram a ser lidas as sentenças AFP

Um tribunal moçambicano condenou nesta quarta-feira dois ex-chefes de espionagem e o filho de um ex-presidente a 12 anos cada um por sua participação em um escândalo de corrupção em que o governo tentou esconder dívidas enormes, provocando estragos financeiros.

O ex-chefe de segurança e inteligência, Gregório Leão; o chefe da divisão de inteligência econômica do serviço de segurança, Antonio do Rosário; e o filho do ex-presidente Armando Guebuza, Ndambi Guebuza, estavam entre os 19 réus acusados no maior escândalo de corrupção do país.

"Os crimes cometidos trouxeram consequências cujos efeitos perdurarão por gerações", disse o juiz Efigenio Baptista.

O escândalo surgiu depois que empresas estatais do país empobrecido tomaram ilicitamente US$ 2 bilhões (1,9 bilhão de euros) emprestados em 2013 e 2014 de bancos internacionais para comprar uma frota de pesca de atum e embarcações de vigilância.

O governo mascarou os empréstimos do parlamento e do público.

Quando a "dívida oculta" finalmente veio à tona em 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros doadores cortaram o apoio financeiro, desencadeando um calote da dívida soberana e o colapso da moeda.

Uma auditoria independente descobriu que US$ 500 milhões dos empréstimos foram desviados. O dinheiro segue sem registro.

Proferindo a sentença após uma semana de leitura das sentenças, o juiz disse que a burla "agravou o empobrecimento de milhares de moçambicanos".

"O país ficou famoso pelos piores motivos", disse ele.

Leão e do Rosário foram considerados culpados de peculato e abuso de poder, enquanto Guebuza foi condenado por peculato, branqueamento de capitais e associação criminosa, entre outros crimes.