As crianças estão entre as mais afetadas pela pobreza extrema, que está aumentando na América Latina e no Caribe. Aqui, uma criança caminha por uma favela no nordeste do Brasil.
As crianças estão entre as mais afetadas pela pobreza extrema, que está aumentando na América Latina e no Caribe. Aqui, uma criança caminha por uma favela no nordeste do Brasil. AFP

A pobreza extrema deve afetar 82 milhões de pessoas na América Latina em 2022, um aumento impulsionado por uma lenta recuperação da pandemia e alta inflação, disse a comissão econômica da ONU para a região na quinta-feira.

"Não foi possível reverter os impactos da pandemia em termos de pobreza e pobreza extrema", disse José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário-executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

O número representa 13,1% da população da região, um aumento de 12,9% em 2021.

No geral, mais 12 milhões de pessoas estão enfrentando a pobreza extrema desde 2019, antes da pandemia de Covid-19.

Salazar-Xirinachs apontou para uma "cascata de choques externos", nomeadamente o abrandamento do crescimento económico, a fraca recuperação do mercado de trabalho e o aumento da inflação.

O órgão da ONU com sede em Santiago disse que os números da pobreza extrema são um "revés de um quarto de século" para a região.

Em outubro, a agência previu um crescimento acima do esperado de 3,2% na região. No entanto, espera-se que isso caia pela metade em 2023, com um crescimento projetado de 1,2%.

O órgão da ONU também destacou as graves consequências que a pandemia teve na educação na América Latina e no Caribe, com uma média de 70 semanas de fechamento de escolas, em comparação com 41 semanas em outras partes do mundo.

O número de jovens de 18 a 24 anos que não estudam nem trabalham aumentou de 22,3% em 2019 para 28,7% em 2020.